domingo, 21 de agosto de 2011

Ponto final!


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terça-feira, 19 de julho de 2011

O Frade «pobrezinho»!


Meu querido Padre Melícias,
Franciscano e socialista,
andam por aí notícias
de cor pouco moralista.

Que tens reformas chorudas,
belas roupas, boas solas,
cama e mesa bens graúdas.
E com elas te consolas.

És Franciscano e cristão?!
E também és socialista?!
Ou serás um maganão
com truques de grande artista?

Se Cristo à terra viesse,
com S. Francisco agarrado,
Ao verem-te no PS,
Caíam os dois pró lado.

Engordas da caridade
que apregoas, mas não fazes.
Não vives com humildade,
És mais um dos «bons rapazes».

Soubeste juntar-te à seita
que nos suga e que, depois,
como um velhaco se ajeita
num bando de muitos boys.

Todo risonho aí estás,
de sorriso muito terno.
Mas se há diabo, é capaz
de te levar pró inferno.

Pois que lá ardas, risonho,
que por mim nada me aquece.
Arde tu e o teu medonho
«socialismo» à PS.

O padre Vítor Melícias, ex-alto comissário para Timor-Leste e ex-presidente do Montepio Geral, declarou ao Tribunal Constitucional, como membro do Conselho Económico e Social (CES), um rendimento anual de pensões de 104 301 euros. Em 14 meses, o sacerdote, que prestou um voto de obediência à Ordem dos Franciscanos, tem uma pensão mensal de 7450 euros. O valor desta aposentação resulta, segundo disse ao CM Vítor Melícias, da "remuneração acima da média" auferida em vários cargos.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Notícias assustadoras!

Nestes últimos tempos houve meia dúzia de notícias que me preocuparam muito mais do que as nomeações de ministros e secretários de Estado. Passo a enumerar.
Notícia número 1 - Uma auditoria da Inspecção-Geral das Finanças às despesas da Justiça detectou 165 mil euros de pagamentos em excesso de subsídio de compensação a magistrados jubilados já falecidos. Faltou a comunicação do óbito pelo Instituto de Registo e Notariado.
Notícia número 2 - O presidente da Câmara Municipal de Grândola, Carlos Beato, do PS, nomeou o seu filho para o cargo de adjunto do seu gabinete de apoio pessoal, decisão que qualifica como "consciente e responsável".
Notícia número 3 - Hospitais e centros de saúde da região de Lisboa enviam sistematicamente doentes para o Hospital da Cruz Vermelha antes de verificarem se outras unidades do sector público são capazes de dar as consultas e cirurgias em causa. O Tribunal de Contas acusa o Ministério da Saúde, que deu ordens para que assim se fizesse, de favorecer os privados e de prejudicar o Estado, que deixa de cobrar taxas moderadoras.
Notícia número 4 - O Ministério Público prepara uma acusação por suspeita de crimes e burlas fiscais na sequência da fusão da Compal com a Sumolis. Em causa está um imposto de 1,5 milhões de euros e uma dívida atribuída à Compal de 250 milhões, resultante do empréstimo que serviu para a compra desta pela Sumolis. Ao meter essa dívida nas contas da Compal, a empresa passou de lucros a prejuízos e deixou de pagar IRC. São arguidos administradores da empresa e da Caixa Geral de Depósitos.
Notícia número 5 - A Inspecção--Geral de Finanças (IGF) acusa o Exército de reposicionamento ilegal de militares e de ter assim aumentado em 8,4 milhões de euros a sua despesa pública anual. No entretanto, os salários dos militares custam, ao contribuinte, mais 2,6 milhões de euros por mês.
Notícia número 6 - A Polícia Judiciária está a investigar uma burla com receitas falsas de medicamentos prescritos por médicos e dentistas, que utilizaram as cédulas de colegas falecidos para pedirem vinhetas e passarem receitas. Foram detectados casos em que o doente, a quem foi prescrita a receita, também já tinha falecido.
Este seria algum do melhor material humano do País: magistrados, autarcas, gestores de saúde, banqueiros, grandes empresários, militares, médicos. Todos, mas mesmo todos, espoliam, enganam ou roubam descaradamente o Estado. Como podem Passos Coelho, este Governo, qualquer Governo, qualquer ministro ou secretário de Estado, sair-se bem na governação deste país?

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Visita a um covil de ladrões!

A maioria dos portugueses considera o Estado como um covil de ladrões. Já aqui o disse mas agora vem mais a propósito. Isso é o ADN duma cultura sem consciência política. Mas, por «Estado», entende o elenco governativo. E não é por falta de instrução como, há 40 anos, os citadinos acusavam os meios populares. Até constatamos que, quanto mais instrução, mais cumplicidade com os corruptos e ladrões públicos. A instrução até serve de justificação para a corrupção.
Essa é a razão da forte abstenção eleitoral (mais de 41% a nível nacional, mais de 50% em certas regiões). A maioria não tem opções políticas; só se exprime para «pôr lá» um chefe. Os partidos pequenos (com quem até diz simpatizar) «não têm hipóteses» (não votam neles); enquanto os grandes «são todos iguais» e abstêm-se.(eleger os ladrões?). O Chefe do Estado disse solenemente (imagine-se!) que os abstencionistas «não terão autoridade para criticar as políticas públicas». Olhe que têm! Garantido pela Democracia. Ele é, aliás, um dos principais responsáveis pela abstenção crónica porque bateu o recorde de anos como primeiro-ministro (a abstenção começou com ele) e, agora, é o primeiro político do País. Quanto mais alto, mais responsável. Não acuse os pobres-diabos pelo descrédito do sistema.
Os governantes de Portugal sempre se notabilizaram por descobrir maneiras de «viver à custa». No passado era das colónias. Nos anos 60-80 foi das «remessas dos emigrantes»; depois, foi do ouro que Salazar tinha acumulado; depois passaram a viver da CEE, aceitando ser pagos para destruir a agricultura, as pescas e a indústria naval, genuínos meios de produção económica auto-subsistente. Até que os credores lhes cortaram as vazas. Hoje estão à rasca. Não sabem como pagar as suas extravagâncias públicas, as suas fachadas, os seus currículos de ministros e de autarcas presunçosos que «fizeram obra» à custa do alheio, literalmente, a crédito. Depois de 30 anos de regabofe, os credores fizeram-lhes, como se diz, o manguito («Queres fiado? Toma! Paga primeiro o que deves»). Ficaram sem crédito nas praças do mundo. Até se batem por governar às ordens dos credores estrangeiros. O povo que pague a crise.
Enquanto os estratos de agricultores, de pescadores e de artesãos familiares (que produziam em família) eram maioritários, esta complacência com o parasitismo de Estado era apanágio das classes urbanas, minoritárias. Com a ascensão daqueles estratos à «classe média» urbana, assalariada ou empresarial, passou a ser uma norma dominante, maioritária. Mas, apesar da instrução, por «dinheiros públicos» continua a entender-se «dinheiros de ninguém» ou, como no passado, «dinheiros da coroa» (dos usurários da realeza), portanto, susceptíveis de ser pilhados pelos «espertos». Com a anuência dos tribunais. O povoléu dum supermercado pode barrar a passagem a um ladrão de yogurtes mas bajula os ladrões dos «dinheiros públicos». Há, assim, continuidade nas mentalidades. Até podíamos dizer que houve mudança para pior, para a generalização dos valores maus.
O critério para o povo eleger um candidato pode ser a sua esperteza para roubar os bens públicos. Basta que ele se apresente escorreito e rodeado de uma cáfila de assessores. «Elas até correm para beijar quem lhes tirou o abono de família», ouvi de um reformado na Marinha Grande, referindo-se ao (abominável) Sócrates, um verdadeiro chefe de quadrilha (entenda-se por «quadrilha» o que se quiser) apoiado por uma massa de lorpas que tomam os críticos do sistema como incapazes para a trafulhice.
O Público de 5 de Junho publicou esta notícia: «Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, em 18 meses, fez 13 visitas a offshores para fazer acordos», levando consigo sucessivas e largas comitivas de gente que o governante não quis justificar. Eu, que sou leigo em Finanças (como Jesus Cristo, segundo Fernando Pessoa), não imaginava que um governo visitasse offshores que são os ladrões dos impostos... O que me veio à mente foi: «visita de Estado a um covil de ladrões». Que tipo de acordo faz o Governo com os ladrões de impostos? Visita de cortesia ou de negócios? As comitivas foram lá fazer o quê? Uma visita guiada? Ou foram abrir uma conta... na fonte?
É legítimo desconfiar de tudo com estes ministros do (abominável) Sócrates. Manuela Ferreira-Leite até disse que nem na oposição o quer ver. Mas vamos ver outros. Eles reproduzem-se como a sarna.
By Moisés Espírito Santo
In Jornal de Leiria

terça-feira, 31 de maio de 2011

Afinal não é modernice nenhuma!

“ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e por corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”

In «O Distrito de Évora» de Eça de Queiroz (1867)

sábado, 14 de maio de 2011

Com ou sem sal?

Adivinha do dia
0 - Tem um processo em curso de investigação
1 - Negou coisas que o seu chefe disse
2 - Esteve muito ligado a um grande partido
3 - Sabe fazer umas cantarolas
4 - Também sabe jogar golfe
5 - Desde há uns meses nunca mais se ouviu falar dele
· De quem falamos ????

Dias Loureiro, está claro!

A viver actualmente à grande e à fartazana em Cabo Verde.
É o dono do maior Resort Turístico da Ilha do Sal... ( ... é aquela ilha, daquele país africano onde o BPN criou umas "sucursais" e um banco mais ou menos virtual, com que se faziam umas operações de lavagem e fugas ao fisco, etc.etc... )
PS: Alguém dá por ele na nossa imprensa? O que nos leva a pensar tal esquecimento..?
Como vêem é fácil fazer esquecer um roubo superior a mais de 4 mil milhões de euros, quando se tem amigos...por todo o lado... Até em Belém!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Os maus exemplos!

Recebi por e.mail esta informação que, como é lógico, não consigo saber se é falsa ou verdadeira. Mesmo assim e como medida de precaução mais vale dar-lhe alguma publicidade. Se for mentira não fará grande mal a ninguém, mas se for verdade dará para apontar o dedo a alguns dos larápios que têm andado a brincar com o nosso rico dinheirinho. E isso é "muito" importante nesta conjuntura que atravessamos em Portugal.

1. ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DE SAÚDE DO ALENTEJO, I. P.
Aquisição de 1 armário persiana; 2 mesas de computador; 3 cadeiras c/rodízios, braços e costas altas: 97.560,00€
Eu não sei a quanto está o metro cúbico de material de escritório mas ou estes armários/mesas/cadeiras são de ouro sólido ou então não estou a ver onde é que 6 peças de mobiliário de escritório custam quase 100 000€. 
Alguém me elucida sobre esta questão?

2. MATOSINHOS HABIT - MH
Reparação de porta de entrada do edifício: 142.320,00 €
Alguém sabe de que é feita esta porta que custa mais do que uma casa?

3. UNIVERSIDADE DO ALGARVE - ESC. SUP. TECNOLOGIA - PROJECTO TEMPUS 
Viagem aérea Faro/Zagreb e regresso a Faro, para 1 pessoa no período de 3 a 6 de Dezembro de 2008: 33.745,00 €
Segundo o site da TAP a viagem mais cara que se encontra entre Faro-Zagreb-Faro em classe executiva é de cerca de 1700€. Dá uma pequena diferença de 32 000 €, Como é que é possível???

4. MUNICÍPIO DE LAGOA
6 Kit de mala Piaggio Fly para as motorizadas do sector de águas: 106.596,00 €
Pelo vistos fazer um "Pimp My Ride" nas motorizadas do Município de Lagoa fica carote!!!

5. MUNICÍPIO DE ÍLHAVO 
Fornecimento de 3 Computadores, 1 impressora de talões, 9 fones, 2 leitores ópticos: 380.666,00 €
Estes computadores devem ser mesmo especiais para terem custado cerca de 100 000€ cada....Já para não falar nos restantes acessórios.

6. MUNICÍPIO DE LAGOA
Aquisição de fardamento para a fiscalização municipal: 391.970,00€
Eu não sei o que a Polícia Municipal de Lagoa veste, mas pelos vistos deve ser Haute-Couture.

7. CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES 
VINHO TINTO E BRANCO: 652.300,00 €
Alguém me explica porque é que a Câmara Municipal de Loures precisa de mais de meio milhão de Euros em Vinho Tinto e Branco????

8. MUNICIPIO DE VALE DE CAMBRA 
AQUISIÇÃO DE VIATURA LIGEIRO DE MERCADORIAS: 1.236.000,00 €
Neste contrato ficamos a saber que uma viatura ligeira de mercadorias da Renault custa cerca de 1 milhão de Euros. Impressionante...

9. CÂMARA MUNICIPAL DE SINES 
Aluguer de tenda para inauguração do Museu do Castelo de Sines: 1.236.500,00 €
É interessante perceber que uma tenda custa mais ou menos o mesmo que um ligeiro de mercadorias da Renault e muito mais que uma boa casa... E eu que estava a ser tão injusto com o município de Vale de Cambra...

10. MUNICIPIO DE VALE DE CAMBRA 
AQUISIÇÃO DE VIATURA DE 16 LUGARES PARA TRANSPORTE DE CRIANÇAS: 2.922.000,00 €
E mais uma pérola do Município de Vale de Cambra: uma viatura de 16 lugares para transportar crianças custa cerca de 3 milhões de Euros. Upsss, outra vez o município de Vale de Cambra...

11. MUNICÍPIO DE BEJA 
Fornecimento de 1 fotocopiadora, "Multifuncional do tipo IRC3080I", para a Divisão de Obras Municipais: 6.572.983,00 €
Este contrato público é um dos mais vergonhosos que se encontra neste site. Uma fotocopiadora que custa normalmente 7,698.42€ foi comprada por mais de 6,5 milhões de Euros. E ninguém vai preso por porcarias como esta?

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Carta aos senhores da troika!

Caros senhores da troika

Começo por me apresentar, sou um daqueles que estão sempre na linha da frente quando se enfrenta a austeridade, já me cortaram no vencimento, em tudo o que era direitos e regalias, no vencimento, tudo isso apesar de não ter gasto acima das possibilidades, de nunca ter recebido subsídios, de nunca ter exercido quaisquer cargos com remunerações vantajosas e de sempre ter cumprido com as minhas obrigações fiscais.
Eu sei que têm recebido algumas cartas, pelo menos devem ter recebido as do Eduardo Catroga pois eu também a recebi através da comunicação social, muito provavelmente até as terei recebido antes dos senhores pois em Portugal o correio funciona assim, é como as peças dos processos de investigação criminal, chegam primeiro à Felícia Cabrita do que ao juiz. Mas duvido que essas cartas lhes tenham contado algumas coisas sobre este país, não vão os senhores lembrarem-se de lhes cortar a direito e não apenas aos do costume.
Não lhes devem ter dito, por exemplo, que neste país anda muita gente a fugir aos impostos graças aos truques legais que inventaram para serem os próprios a beneficiar. Dou-lhes um exemplo, imaginem que há um conhecido advogado da praça cujo grande escritório é património da sua fundação, desta forma quando os advogados pagam a renda não o fazem como seria de supor, em vez disso dão um donativo à fundação que depois é declarado para efeitos de IRS.
Imaginem os senhores, e espero que estejam sentados, andam por aí uns senhores com estatuto de economistas, provavelmente já terão ouvido os seus conselhos, que são pensionistas desde "tenra" idade e acumulam as pensões com vencimentos do Estado. Podem não acreditar, mas um dos mais ferrenhos defensores das vossas exigências recebe uma pensão de oito mil euros desde os quarenta e nove anos por ter trabalhado apenas seis anos. Não acreditam? Compreendo, parece impossível, mas a verdade é que se esse senhor viver até aos oitenta o país dar-lhe-á uma pensão durante trinta e um anos por conta de seis de descontos! Dantes, quem ia para a guerra recebia um pequeno bónus na idade de reforma, este viveu meia dúzia de anos num gabinete de luxo e vive o resto da vida à custa da riqueza do país e ainda se acha com autoridade moral para andar por aí a dar conselhos ao país.
Mas se acham que este país não é ilógico e, pior do que isso, mistura a falta de lógica com o oportunismo desabrido, perguntem a um tal Catroga que representa o PSD nas negociações mas mais parece o tutor do presidente do PSD designado pelo Presidente da República o que é isso de ter sido "contratado, por conveniência de serviço, em regime de contrato administrativo de provimento, para o exercício das funções de Professor Catedrático Convidado, a tempo parcial 0%”. Não acreditam que um senhor reformado da SAPEC é contratado a tempo 0%? Então sentem-se, fiquem a saber que foi contratado por um conselheiro económico do PSD com despacho de 26 de Maio de 2010 que produz efeitos a partir de ... 1 de Setembro de 2008. Acreditem, este país é mesmo de doidos, doidos mas não parvos. Já agora perguntem a esse senhor como se processou a privatização do BPA quando ele era ministro das Finanças, vão ficar a conhecer melhor este país e a perceber porque anda tanta gente a exigir privatizações, é o ver se te avias...
E o que se passa nas autarquias, meus caros senhores? Arranjam sociedades municipais para os autarcas aumentarem os rendimentos, alguns até conseguem acumular a responsabilidade como autarcas de grandes cidades coma gestão de grandes empresas municipais, como é o caso do autarca do Porto que também administra o Metro do Porto, e ainda aparece como a grande reserva moral da nação. E a propósito deste tenham cuidado com o que vos dizem sobre obras como o TGV, são contra quando estão em Lisboa e a favor quando regressam à terra. Vão ver como algumas autarquias gastam dinheiro e depois contem-me!
Estranharam tantas viaturas de luxo a circular pela capital? Não há razões para isso, com as assimetrias na distribuição de rendimento a pouca riqueza deste país dá para enriquecer alguns à grande e à francesa, criou-se em Portugal uma elite de proxenetas, gente que de manhã são advogados, à tarde políticos e à noite jornalistas. Servem-se do estatuto de advogados para encobrirem as suas acções de corrupção ou de gestão de influências, são políticos para criarem novas oportunidades de negócios para si próprios e armam-se em jornalistas para convencerem o povo a votarem naqueles que lhes asseguram novos negócios, tornando o poder refém dos seus interesses.
Pois é meus senhores, os grandes agregados económicos enganam muito, dizem que há uma alta carga fiscal mas alguns não pagam impostos, que a produtividade é baixa mas os que mais enriquecem são os que menos trabalham, que o país viveu acoima das suas possibilidades mas foi a elite de proxenetas que mais carros e outros bens de luxo importou, que a idade de reforma deve aumentar mas muitos deles são pensionistas do parlamento, do BdP e de outros esquemas montados para saquear o país. A grande mentira deste pobre país não está nas contas públicas, a grande mentira está no facto de serem os que mais contribuem para a riqueza deste país e que menos a partilham que são sempre acusados de terem gasto em demasia.
Por tudo isto e muito mais espero meus senhores que desta vez seja diferente, que não se deixem enganar e façam as elites de proxenetas pagar pelo que têm feito a este pobre país, obriguem-nos a rever as pensões como a do Cunha, ponham fim aos esquemas mafiosos das fundações privadas, obriguem-nos a extinguir os milhares de empresas municipais, fundações e outros esquemas montados para roubar o país, aumentem os impostos sobre os mais ricos, acabem com a zona franca da Madeira. É tempo de também serem eles a pagar.

Augusto H Santos

sábado, 2 de abril de 2011

Geração à-rasca!

A geração dos meus pais não foi uma geração à rasca. Foi uma geração com capacidade para se desenrascar. Numa terriola do Minho as condições de vida não eram as melhores. Mas o meu pai António não ficou de braços cruzados à espera do Estado ou de quem quer que fosse para se desenrascar. Veio para Lisboa, aos 14 anos, onde um seu irmão, um pouco mais velho, o Artur, já se encontrava. Mais tarde veio o Joaquim, o irmão mais novo. Apenas sabendo tratar da terra e do pastoreio, perdidos na grande e desconhecida Lisboa, lançaram-se à vida. Porque recusaram ser uma geração à rasca fizeram uma coisa muito simples. Foram trabalhar.. 
Não havia condições para fazerem o que sabiam e gostavam. Não ficaram à espera. Foram taberneiros. Foram carvoeiros. Fizeram milhares de bolas de carvão e serviram milhares de copos de vinho ao balcão. Foram simples empregados de tasca. Mas pouparam. E quando surgiu a oportunidade estabeleceram-se como comerciantes no ramo. Cada um à sua maneira foram-se desenrascando. Porque sempre assumiram as suas vidas pelas suas próprias mãos. Porque sempre acreditaram neles próprios. E nós, eu e os meus primos, nunca passámos por necessidades básicas. Nós, eu e os meus primos, sempre tivemos a possibilidade de acesso ao ensino e à formação como ferramentas para o futuro. Uns aproveitaram melhor, outros nem tanto, mas todos tiveram as condições que necessitaram. E é este o exemplo de vida que, ainda hoje, com 60 anos, me norteia e me conduz. 
Salvaguardadas as diferenças dos tempos mantenho este espírito. Não preciso das ajudas do Estado. Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se. Não preciso das ajudas da família que também têm as suas próprias vidas. Não preciso das ajudas dos vizinhos e amigos. Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se. Preciso de mim. Só de mim. E, por isso, não sou, nunca fui, de qualquer geração à rasca. Porque me desenrasco. Porque sempre me desenrasquei. 
O mal desta auto-intitulada geração à rasca é a incapacidade que revelam. Habituados, mal habituados, a terem tudo de mão beijada. Habituados, mal habituados, a não precisarem de lutar por nada porque tudo lhes foi sendo oferecido. Habituados, mal habituados, a pensarem que lhes bastaria um canudo de um qualquer curso dito superior para terem garantida a eterna e fácil prosperidade, sentem-se desiludidos. 
E a culpa desta desilusão é dos "papás" que os convenceram que a vida é um mar de rosas. Mas não é. É altura de aprenderem a ser humildes. É altura de fazerem opções. Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não encontram emprego "digno". Podem ser "encanudados" de qualquer curso mas não conseguem ganhar o dinheiro que possa sustentar, de imediato, a vida que os acostumaram a pensar ser facilmente conseguida.Experimentem dar tempo ao tempo, e entretanto, deitem a mão a qualquer coisa. Mexam-se. Trabalhem. Ganhem dinheiro. 
Na loja do Shopping. Porque não ? Aaaahhh porque é Doutor... Doutor em loja de Shopping não dá status social. Pois não. Mas dá algum dinheiro. E logo chegará o tempo em que irão encontrar o tal e ambicionado emprego "digno". O tal que dá status. 
O meu pai e tios fizeram bolas de carvão e venderam copos de vinho. Eu, que sou Informático, System Engineer, em alturas de aperto, vendi bolos, calças de ganga, trabalhei em cafés, etc. E garanto-vos que sou hoje muito melhor e mais reconhecido socialmente do que se sempre tivesse tido a papinha toda feita. 
Geração à rasca ? Vão trabalhar que isso passa. 
À rasca, mesmo à rasca, também já tenho estado. Mas vou à casa de banho e passa-me.
Por: Filipe Oliveira

terça-feira, 29 de março de 2011

Pensamentos profundos!

QUANDO OS:

SÓCRATES FOREM APENAS FILÓSOFOS
ALEGRES APENAS CRIANÇAS
CAVACOS APENAS INSTRUMENTOS MUSICAIS
PASSOS APENAS OS DE DANÇA
LOUÇÃS APENAS ERROS ORTOGRÁFICOS
JERÓNIMOS APENAS MONUMENTOS NACIONAIS
E
PORTAS SÓ DE ABRIR E FECHAR...

ENTÃO NÓS VOLTAREMOS A SER FELIZES!

sábado, 12 de março de 2011

Memória Curta!

Extracto do Art. 1º da O.S. Nº 27 de 26 de Março de 1962 
Artigo 1º – DETERMINAÇÃO: 
Os funcionários subalternos da Polícia Judiciária, com o seu vencimento estabelecido dentro dos quadros do Funcionalismo Público, não podem aspirar a um nível económico que vá, normalmente, para além da satisfação das suas necessidades vitais quotidianas. Deste modo, não ganham em regra o bastante para aquisição, por compra ou troca, e manutenção de uma viatura automóvel. O facto dessa aquisição pode dar lugar a suspeitas e especulações no espírito público, dirigidas contra o aprumo e dignidade que o funcionário deseja, briosamente, defender. Por isso, determino, ouvido o Conselho de Polícia e na defesa do bom nome e reputação do funcionário e, reflexamente, do prestígio da Corporação, que a aquisição de automóveis por parte de qualquer daqueles funcionários, feita em seu nome, no de seu cônjuge ou outra qualquer pessoa, fique sujeita a prévia comunicação ao Director, com indicação das fontes de vencimentos que lhe permitam a aquisição e manutenção do veículo.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Folha salarial da «Fundação Cidade de Guimarães»!

Folha salarial (da responsabilidade da Câmara Municipal) dos administradores e de outras figuras", da Fundação Cidade de Guimarães, criada para a Capital da Cultura 2012.
- Cristina Azevedo- Presidente do Conselho de Administração: 14.300 € (2 860 contos) mensais + Carro + Telemóvel + 500 € por reunião.
- Carla Morais- Administradora Executiva: 12.500 € (2 500 contos) mensais + Carro + Telemóvel + 300 € por reunião.
- João B. Serra- Administrador Executivo: 12.500 € mensais + Carro + Telemóvel + 300 € por reunião 
- Manuel Alves Monteiro- Vogal Executivo: 2.000 € mensais + 300 € por reunião.
Todos os 15 componentes do Conselho Geral, de entre os quais se destacam Jorge Sampaio, Adriano Moreira, Diogo Freitas do Amarale Eduardo Lourenço, recebem 300 € por reunião, à excepção do Presidente (Jorge Sampaio) que recebe 500 €.
Em resumo: 1,3 milhões de Euros por ano, em salários. Como a Fundação vai manter-se em funções até finais de 2015, as despesas com pessoal deverão ser de quase 8 milhões de Euros !!! 
Reparem bem - Administradores ganhando mais do que o PR e o PM ! 
Esta obscenidade acontece numa região, como a do Vale do Ave, onde o desemprego ronda os 15 % !!! 
Alguém acredita em leis anti-corrupção feitas por corruptos?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A "Nova" Língua Portuguesa!

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos "afro-americanos", com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado 
As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas domésticas" e preparam-se agora para receber a menção de "auxiliares de apoio doméstico" 
De igual modo, extinguiram-se nas escolas os "contínuos" que passaram todos a "auxiliares da acção educativa" 
Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por "delegados de informação médica" 
E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas"
O aborto eufemizou-se em "interrupção voluntária da gravidez" 
Os gangs étnicos são "grupos de jovens" 
Os operários fizeram-se de repente "colaboradores" 
As fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades produtivas'e vistas da estranja são "centros de decisão nacionais" 
O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia' galopante" 
Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imprescrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística" 
A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma "família monoparental"...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e «terroristas», diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo" 
Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável" 
Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual". O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o "politicamente correcto" marimba-se para as regras gramaticais...
As putas passaram a ser "senhoras de alterne" 
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem 
E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a «correcção política» e o novo-riquismo linguístico 
Estamos lixados com este "novo português" e não admira que os portugueses tenham cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz, de forma politicamente correcta
E falta ainda esclarecer que os tradicionais anões estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos" 
Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa" 
Os pretos passaram a ser "pessoas de cor" 
O mongolismo passou a designar-se "síndroma do cromossoma 21" 
Os gordos e os magros passaram a ser "pessoas com disfunção alimentar" 
Os mentirosos passam a ser "pessoas com muita imaginação" 
Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são "pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos" 
Para autarcas e políticos, afirmar que "eu tenho impunidade judicial", foi substituído por "estar de consciência tranquila" 
O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema" 
Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc., passou a ser sinónimo de "complicado"

A ladroeira continua!

O Presidente do Conselho de Administração dos CTT, Estanislau Mata da Costa - que se demitiu no final de Novembro de 2010 - sem ter terminado o mandato - recebeu, durante cerca de dois anos, dois vencimentos em simultâneo: um pelo cargo nesta empresa, de cerca de 15 mil euros, e outro correspondente às suas anteriores funções na PT, de 23 mil euros. E isto apesar de ter suspendido o vínculo laboral com a PT.
A descoberta foi feita pela Inspecção-Geral de Finanças (IGF), na sequência de uma auditoria realizada após denúncias da comissão de trabalhadores dos CTT sobre actos de alegada má gestão na empresa. O Conselho de Administração da empresa terá recebido o relatório preliminar desta auditoria no dia 29. A demissão de Mata da Costa foi anunciada no dia seguinte e justificada pelo próprio com «razões exclusivamente do foro pessoal e familiar».
A IGF classifica esta acumulação de vencimentos por parte de Mata da Costa - num valor mensal de cerca de 40 mil euros (ao todo, um milhão e 575,6 mil euros recebidos entre Junho de 2005 e Agosto de 2007) - como «eticamente reprovável, ainda que possível do ponto de vista legal». Ainda assim, a IGF decidiu encaminhar o caso para a Procuradoria-Geral da República, por ter «dúvidas quanto à legalidade» da situação.
Segundo o relatório preliminar da IGF, Mata da Costa, que era quadro da PT, foi nomeado para presidir aos CTT em Junho de 2005. Mas, em vez de se desligar desta empresa, fez um acordo de «suspensão do contrato de trabalho, embora estranhamente sem perda de remuneração».

domingo, 23 de janeiro de 2011

A Quinta da Coelha!

É chegado o dia da contagem das espingardas. Escolham quem quiserem, mas depois não se queixem!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Capitalismo selvagem!

É uma verdadeira vergonha.....batendo as asas pela noite calada... vêm em bandos, com pés de veludo...» Os Vampiros do Século XXI: A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores - principescamente
pagos - daquela instituição bancária.
A carta da CGD começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço qualidade em toda a gama de prestação de serviços, incluindo no que respeita a despesas de manutenção nas contas à ordem.
As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo
parágrafo sobre racionalização e eficiência da gestão de contas, o estimado/a cliente é confrontado com a
informação de que, para continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção, terá de ter em cada trimestre um saldo médio superior a EUR1000, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras associadas à respectiva conta.
Ora sucede que muitas contas da CGD,designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de EUR 243,45 - que para ter direito ao piedoso subsídio diário de EUR 7,57 (sete euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social para receber a reforma.
Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar despesas de manutenção de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria.
O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros
fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões (para citar Bagão Félix), a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos.
É sem dúvida uma situação ridícula e vergonhosa, como lhe chama o nosso leitor, mas as palavras sabem a
pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade. Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa.
Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso.
Medita e divulga... Mas divulga mesmo por favor...
Cidadania é fazê-lo, é demonstrar esta pouca vergonha que nos atira para a miserabilidade social.
Este tipo de comentário não aparece nos jornais, tv's e rádios...
Porque será???

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bijan e a imoralidade!

BIJAN. Pakzad. Um iraniano. Estudou têxteis na Suíça. Regressou ao seu país. Vestiu os mais poderosos homens daquela região, incluindo o Xá da Pérsia. Mas tinha maiores ambições. Universais. E mudou-se para os Estados Unidos há cerca de trinta e cinco anos. Para onde? Para onde havia dinheiro a rodos. Califórnia. Na zona mais chique, claro. Beverly Hills. E onde, aí? Em Rodeo Drive. Uma rua considerada a mais cara do mundo pela Time. Abriu as portas da sua loja… Não. Dizer assim está errado. Porque o estabelecimento BIJAN, na Rodeo Drive, em Beverly Hills, desde o primeiro dia que não tem as suas portas abertas. Só se pode ser atendido na BIJAN mediante marcação prévia. Porque, ali, o cliente é atendido em exclusividade. Claro que paga gordo por esse privilégio. Por isso e pela qualidade verdadeiramente excepcional do que ali é vendido. “Encontrei ali caxemiras cozidas à mão, artigos em pele de canguru, cabedais cuja macieza pode apenas ser suplantada pela da pele de um bebé”, disse uma entrevistadora de Pakzad, Susan Michals. E é o próprio dono que explica à entrevistadora:
“Os meus clientes são tão poderosos que merecem ser cuidados em exclusividade mediante marcação. Eles adoram isso. Adoram tanto a atenção que eu lhes dou como eu adoro a atenção ao pormenor”.


A entrevistadora conclui pela justeza do procedimento quando obtém a informação de que um cliente da BIJAN pode facilmente gastar na loja, numa tarde, qualquer coisa como 200.000 euros (quarenta mil contos). O que não se estranha, se se levar em conta que um frasco do perfume para homens, exclusivo da BIJAN, de 200 c.c., pode custar mais de 2.000 euros (quatrocentos contos), um par de peúgas 35 euros (sete contos) e um fato de corte impecável pode custar mais de 35.000 euros (mais de sete mil contos). Tudo a fazer da BIJAN, na opinião dos especialistas, a loja de moda mais cara do mundo!
A BIJAN vende essencialmente fatos, camisas, laços, sapatos, jóias, relógios, pastas e perfumes. Mas, cuidado! Não pense que pode chegar à BIJAN e pedir uma camisa colarinho 40. É o próprio dono que explica:


“O meu cliente adequado é alguém que ganhe pelo menos 75.000 euros por mês. Se alguém precisa de alguma coisa, a minha loja não é o sítio onde deve ir. Se alguém chegar aqui e quiser uma camisa, esse alguém não pertence a este mundo. Agora, se alguém chegar e disser que está a deitar fora 24 camisas e quer substitui-las, então esse é o meu cliente”.
E o negócio funciona. Pakzad Bijan gaba-se de ter feito, apenas com o seu nome, uma fortuna de quatro mil milhões de dólares. Algo que chegaria para cobrir o défice de Portugal em relação ao orçamentado.

***

Portugal é o que nós sabemos. Vivemos actualmente uma aflição dolorosa e uma asfixia financeira cuja cura não sabemos se existe. Sem dinheiro e com o crédito abalado, o Estado Português é obrigado a violentar os seus cidadãos. Espinhos dolorosos cravados sobretudo na carne dos mais necessitados mas a atingir, também e progressivamente, a carne dos remediados. Impostos a roçar o confisco. Ajudas sociais a diminuírem rapidamente. Benefícios fiscais a serem cortados a torto e a direito. Redução dos salários dos funcionários públicos. Empresas a fecharem. Em cada dia, novos recrutas a engrossar a legião do desemprego. As pessoas a contarem todos os magros tostões, tentando fazer aquilo que os desaustinados governantes que temos tido nunca se preocuparam em fazer, equilibrar o orçamento. Cortes em cascata, portanto. Numa espiral atordoadora que leva até a ter receio de abrir o jornal ou ver o telejornal, não vá vir por aí mais um novo apertão. Tudo sob a égide de um governante de percurso pessoal no mínimo sombrio, cheio de dúvidas a cada canto, na generalidade nunca devidamente esclarecidas. José Sócrates, de seu nome. Fixe esse nome, meu Caro Leitor. Já vai ver porquê.

***

As duas notas anteriores parecem nada ter a ver uma com a outra, não é assim, meu Caro Leitor? Mas têm. Muito. Dolorosamente muito. Tudo porque a BIJAN – como vimos, um estabelecimento que vende essencialmente vaidade – tem o hábito de imprimir no vidro da montra os nomes mais sonantes dos seus clientes. Lá estão, por exemplo, Larry King, o famoso locutor da CNN; os actores de cinema Al Pacino e Robert de Niro; o realizador de cinema Steven Spielberg; o presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan; e o da Rússia Vladimir Putin; o cantor Elton John; e, espanto dos espantos, o Primeiro-Ministro de Portugal José Sócrates.


Ao tomar conhecimento disto, senti uma vertigem. A minha primeira reacção foi a de reconhecer ao Primeiro-Ministro o direito de escolher quem muito bem quiser para seu fornecedor. Se os presidentes dos poderosíssimos e riquíssimos Estados Unidos e Rússia podiam abastecer-se na BIJAN, porque raio não havia o Primeiro-Ministro do humilíssimo Portugal ter o direito de fazer o mesmo? Cheguei mesmo a colocar a mim próprio uma dúvida de tomo. Quem sabe ele tivesse ido para os lados de Hollywood – não estou a insinuar que foi para fazer testes de actor de cinema – e, passando à porta da BIJAN numa altura em que não estava lá ninguém, entrou para comprar um par de peúgas. Mas logo me vieram à mente as palavras do dono: “se alguém quer comprar uma camisa, este não é o seu lugar”. Muito penos para um par de peúgas. Não podia ser. E, rapidamente, estes meus pensamentos generosos foram substituídos por outros nem tanto. Caramba! Haverá algum abono para compra de roupas, concedido pelo OGE aos representantes dos órgãos do Poder? E, se não há, vamos lá a ver as declarações do IRS, a ver se estão lá rendimentos compatíveis com o facto de se ser cliente da loja mais cara do mundo? E, numa ocasião em que se pedem aos Portugueses sacrifícios pesados e sem conta, vislumbra-se sequer um laivo de moralidade num comportamento tal?


Retenhamos os factos. O Primeiro-Ministro de Portugal José Sócrates (assim, com todas as letras escarrapachadas na montra) é cliente da BIJAN, a loja mais cara do mundo. Terá (tem, pelo menos declarados ao fisco) rendimentos compatíveis com essa posição? Admitamos que tem. E ressalta uma questão de igual modo embaraçosa. Porque é que ele não poupou aos seus concidadãos, que ele governa, a vergonha de uma situação destas, a remeter-nos para os piores tempos da idade média, quando os suseranos comiam os javalis cuja caça proibiam aos aldeãos e estes haviam de contentar-se com as couves do quintal? Aquele nome não poderia estar ali sem a autorização pessoal dele. Portanto, deu-a, tácita ou explícita. E só encontro uma boa razão para tal. A sua imensa vaidade. Uma qualidade mais que temos de apor ao seu brilhante currículo.
A imoralidade, de uma situação como a descrita, é de tal modo grande que a minha limitada inteligência não consegue intuir quais as virtudes da estabilidade política que justificam manter este espécimen no lugar que ocupa. Se temos de esgaravatar os últimos grãos de trigo na terra queimada do quintal, se temos de catar por aí o supermercado que mais barato vende o arroz, então façamo-lo com dignidade e moralidade.

Magalhães Pinto, em VIDA ECONÓMICA, em 14/10/2010

domingo, 2 de janeiro de 2011

O homem é um dragão de ouro, carago

Não é que o assunto seja muito actual, nem tenha grande piada, mas cada vez que me lembro que pagamos salários principescos a estes senhores para gastarem o seu tempo desta maneira, até me ferve o sangue nas veias.